sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Chão de dor

Tons terrosos, céu claro, céu limpo, céu azu.
Tons terrosos, chão de barro, chão de pedra, chão de dor.
Tons terrosos, pele morena, pele corada, pele marcada.
Marcada pelas dificuldades da vida, marcada pelas opções escolhidas, marcada pelo destino incerto.
Incerteza que um dia a fez perder o brilho da pureza no olhar, a simplicidade do sorriso e a energia de uma juventude comum.
O seu tempo hoje a faz mulher, a coloca como mãe de três filhos a espera de um quarto.
Quarto que vem como fome, sede e vontades.
Vontades que já são acalentadas por outros três, por ela única, por eles juntos.
Vontades geradas que se esbarram em uma parede de taipa, que tenta contorno e se vê presa em uma casa de único cômodo, pouca mobílias e nenhum alimento.
Então, como nutrir a perspectiva de um futuro melhor ou de um presente mais justo?
Desnutre-se as esperanças, os sorrisos, os olhares, os corpos morenos e o sopro de calmaria.
Desnutre-se a idéia de uma juventude comum e de uma infância tranquila.
Já desnutridos, as forças se esvaem e resta o andar distante de uma menina-moça que se perdeu de seus sonhos, se afogou em seu poço de desiludidos desejos e perambula pelos caminhos de perspectivas frustradas.
Caminhar pelo caminho mais duro a tornou um pouco mais forte para enfrentar de peito aberto os grilhões da realidade, para construir muros de concreto em torno da felicidade e a viver de boas falácias sob o teto de palha.
Essa falácias a fizeram construir seu próprio recanto imaginário, seu próprio mundo de monstros e sonhos e a fez definhar diante do céu real.
Céu claro, céu limpo, céu azul.
Ela não consegue avistá-lo; o seu olhar encontra-se vidrado e perdido.

M.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Permito-me,permita-me.

Permito-me nesse instante sentir a sua falta.
Permito-me porque pensei e acreditei na hipótese de não ser tão angustiante a idéia de não estar ao seu lado.
Permito-me porque me frustei nesta idéia, assim como naquela outra de não te amar, ou ainda naquela outra de demorar mais um tempo para agente se encontrar.
Permito-me porque cansei de não me permitir, de não me deixar de fluir, de não me deixar ser.
Então te peço, permita-me sentir sua falta, mas mais do que isso, permita-me sentir sua presença.
Permita-me te desejar ao meu lado mesmo nos momentos mais bobos do meu cotidiano.
Permita-me te amar por inteiro porque metades nunca me completaram.
Permita-me assim sermos nós dois por esse tempo até onde esse tempo durar.
Permita-me ainda pedir a esse tempo para ele eternamente se prolongar.

M.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Um novo dia (01.12.11)


Ao amanhecer, ela sentiu uma brisa cálida e aromática vindo recepcionar mais um dia, mais um novo mês.
Para muitos, este era apenas mais um dia qualquer, mas para ela era um dia com sabor de recomeço.
Era o primeiro dia de um novo mês, o último do ano e ao amanhecer ela recordara-se disso.
Recordara-se também de tantos momentos vividos neste ano de 2011, onde cada um gerou um toque de mudança em sua vida.
Mudanças.
Quantas podem acontecer em tão pouco tempo?
Quanto tempo pode acontecer em tantos momentos?
A forma de saber é saber se mostrar para a vida, se jogar nos ventos do novo, do inovador e correr pelo caminho do desconhecido.
Sentir-se temeroso é uma reação comum a todos, ela sabia bem, mas ao amanhecer em mais um dia ela sabia que confiança se construia e a calmaria vinha.
Ao amanhecer o sol já clareava o dia, os pássaros gorjeavam melodias e seu coração se surpreendia.
E era mais um novo dia.

M.