terça-feira, 9 de agosto de 2011

Era um dia de sábado.

Era um dia de sábado e ela se sentia angustiada.
Ao acordar lembrara-se que naquele dia algo difícil lhe aconteceria.
Ao levantar-se achou que a melhor medida para o dia seria aproveitá-lo,afinal, o outro dia já seria bem diferente deste.
Deparou-se com a mãe na cozinha preparando alguns quitutes e ao falar com ela recebeu também um abraço aconchegante de seu pai.
Foi até os fundos da casa e viu que o sol,a pouco tempo nascido, envolvia a serra de uma maneira acalentadora, o que a fez vaguear em seus pensamentos sobre a simplicidade da vida e seus valores.
Ela andava pela casa, analisava alguns objetos e espaços dando um suspiro que fazia o seu corpo sofrer por dentro.
Reteu-se em um momento em analisar alguns fotos e recordações de sua infância, mas foi interrompida pelo gargalhar de crianças que se aproximavam correndo e que em momentos estavam aninhadas em seus braços a lhe encher de beijinhos.
Era um dia de sábado e ela se sentia temerosa.
Já havia passado por isso outras vezes, mas nenhum vez isso a havia agradado.
Não seria naquele dia que essa história se mudaria.
Teve que tirar do aramário todos os seus pertences e colocá-los em outro lugar.
Foi até a casa de sua avó paterna, a abraçou de uma maneira que a fazia pensar: Será que está será a última vez que nos veremos?!
Pediu a benção, dei um beijo na mão da matriarca da sua família e então foi para a casa de seus avós maternos,onde esta mesma cena se repetiria.
Era um dia de sábado e ela já sentia um nó na garganta.
Percebia que as horas passavam mais rápidas do que costumeiramente e isso a intrigava, pois em sua rotina pensava que as horas haviam se adaptado, então cria que estas deveriam estar lentas ao se passarem.
Mas elas se passaram e passando o tempo o fato chegou.
Era um dia de sábado e ela se sentia triste.
Sentia algo mover-se dentro dela, algo que tinha um contorno de diferentes sensações e momentos... e esse algo chamado saudade queria ser exposto e por mais que ela tentasse segurá-lo em um local secreto, ele passou a moldar-se em algo miúdo,cristalino e molhado.
Eram suas lágrimas que diziam um até breve aos seus pais.
Era um dia de sábado e ela ao olhar pela janela do ônibus via os olhos marejados de seu pai e isso a fez chorar ainda mais.
Sua mãe esboçava um sorriso e ao ver o encontro de seus olhares, eles de maneira automática se desvencilhavam, pois em momentos assim suas lágrimas ainda mais jorravam.
Era um dia de sábado, e ela foi embora mais uma vez do seu lar, do aconchego dos seus pais, da convivência de sua família para voltar a procura de seus sonhos.
Era um dia de sábado.


M.



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